O Papel do Líder
Matemático pela UFRJ, Meste em Engenharia de Sistemas pela COPPE, com cursos de especialização em “Negócios” por HBS e Stanford e em “Empreendedorismo” por MIT e Babson College. Marcelo foi pesquisador na COPPE, no Centro Científico IBM e fundador de empresas no Brasil e no exterior. Foi selecionado "Empreendedor Endeavor“ (2000) e eleito "Entrepreneur of the Year" (2001) entre toda a comunidade Endeavor no mundo. Foi escolhido "Empreendedor do Novo Brasil" (2002) em concurso nacional da revista Você S.A.. É sócio de empresas em diferentes segmentos do mercado e membro do conselho de administração de empresas nacionais. Criou o CEI – Centro de Empreendedorismo Ibmec, é professor da FGV-RJ, PUC-RJ, e FDC. Participou da criação do Startup Rio e é seu Diretor de Educação, um programa estadual para geração e desenvolvimento de startups digitais inovadoras. Casado, três filhos, torcedor do Botafogo.
Organizar toda a energia, conflitos de interesse e posições, para servir aos interesses da empresa é o desafio do líder ao fundá-la.
Liderar uma aventura de negócios é partir de um delírio, transformá-lo numa causa, aglutinar pessoas em torno dela e trabalhar duro para conquistá-la. O estilo do líder transformará tudo isto em uma “grande empresa”, em nada, ou em um melancólica empresa grande.
O que de fato motiva alguém a permanecer ou sair de uma empresa, tem menos a ver com dinheiro ou com a função, mas tem tudo a ver com a relação que ele mantém com seu gerente imediato. Tolera-se trabalhar para uma empresa menor, fazendo não necessariamente o que se gosta, quando se está seguindo alguém que se respeita e em quem se confia. É muito mais difícil, contudo, trabalhar em uma bela companhia, mesmo naquilo que gosta, quando seu gerente é um idiota. Quem é bom sabe o quão difícil é trabalhar para alguém que não admira.
Empresas grandes muitas vezes não percebem a importância do papel do gestor de pessoas e muitas vezes se deixam representar perante seus profissionais por “chefes” que descontam traumas de vidinhas patéticas na micro-gerência mesquinha dos mini-feudos em que transformam seus departamentos. Num ambiente gerido por um despreparado, a trajetória é espiral descendente: os melhores titubeiam em acompanhá-lo; os piores o têm como ídolo.
Já as grandes empresas não se dão ao luxo de desperdiçar pessoas. Alçam um líder a cada posto-chave. Gente com firmeza emocional, de caráter e de propósito para ser o modelo, pois as pessoas escutarão o que ele faz, não o que ele diz. Alguém que criará e implementará o que será copiado. Alguém que buscará e formará outros para tomarem seu lugar e o libertarem para voos mais altos.
Muitos fazem de tudo para chegar à posição de liderança. Menos porque devam, mais porque estão enamorados da função. Mas quando eles não têm o que é preciso para exercê-la, a pior coisa que pode acontecer é justamente que eles cheguem lá, seja por mérito próprio ou por demérito de quem lá os colocar. Pior não só para eles, mas para toda a empresa.
Líderes não hesitam em corrigir quem sistematicamente desempenha mal, a despeito de amizade e lealdade. Alguns sairão, outros por ele serão saídos. Líderes criam espaço para os melhores, pois grandes talentos incomodam e não é fácil tê-los no time. Gerir é lidar com isso. Pastores religiosos exortam as pessoas a se amarem; líderes administram vaidades e crises. Onde há gente boa e motivada, há conflitos de interesses e posições. Organizar toda essa energia para servir aos interesses da empresa é o desafio do líder.
Marcelo Salim é sócio de empresas em diferentes segmentos do mercado e coordenador do CEI – Centro de Empreendedorismo Ibmec. Empreendedor Endeavor desde 2000.