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BRAZIL BIOTECH REPORT:

Driving Latam’s Global Footprint

REALIZAÇÃO:

COLABORAÇÃO:

Biotechs vieram para endereçar desafios globais da humanidade

Estamos diante de uma onda de startups e scale-ups voltadas à biotecnologia (biotechs), negócios que desenvolvem tecnologias de fronteira para endereçar desafios globais por meio de avanços científicos com materiais biológicos.

O Brasil está posicionado
para ser líder global desse mercado

Somos o país mais biodiverso
do mundo

15 a 20%

da biodiversidade 
global

700

novas espécies
catalogadas por ano

06

biomas

03

ecossistemas
marinhos

Com alto potencial no
agro e em saúde

Maior produtor de
alimentos do mundo

Maior área de produção
agrícola no mundo

SUS

O maior sistema de saúde pública do mundo

E liderança global em
ciência e tecnologia

77%

dos pesquisadores 
LATAM

país com mais 
publicações em ciências 
biológicas e agro

58%

das patentes

47%

das pesquisas LATAM

— Brazil Biotech Report

Driving LATAM’s Global Footprint

A Endeavor analisou o ecossistema brasileiro de biotech utilizando o framework adotado nos 42 mercados em que atua, focando em três pilares: pessoa empreendedora, negócio e timing. Traçamos um panorama com base em dados de 135 founders brasileiros de 95 biotechs, e entrevistas com 30 empreendedores, investidores e especialistas.

Biotechs estão transformando grandes segmentos de mercado conectados 
a desafios sistêmicos globais

PRODUÇÃO
DE ALIMENTOS
Novas alternativas para o consumo de alimentos, como proteínas vegetais, carne cultivada e sementes geneticamente modificadas. Fundada por Sérgio Pinto e Bibiana Matte em 2022, a Cellva é a primeira biotech brasileira a integrar uma incubadora europeia focada em tecnologias de ingredientes. A startup desenvolve ácidos graxos a partir de células cultivadas em biorreatores, com tecnologia 100% nacional.
AGRO: CADEIA
DE PRODUÇÃO
Tornar a produção agrícola mais eficiente e sustentável, com a produção de novos materiais como fibras têxteis, biocombustíveis e outros produtos derivados. Fundada por Luciano Bueno em 2019, a GALY utiliza técnicas avançadas de agricultura celular para cultivar algodão a partir de células vegetais em biorreatores. O GALY reduz os impactos ambientais das fibras naturais, como desmatamento e escassez de água.
CIÊNCIAS DA VIDA
(saúde humana e animal)
Diagnósticos, tratamentos e prevenção de doenças em humanos e animais, incluindo vacinas, terapias gênicas e imunoterapias. Fundada pela geneticista e professora titular da USP, Lygia Pereira, a gen-t está coletando dados genéticos de todo o Brasil para criar o maior e mais diverso banco genético da América Latina, com o objetivo de impulsionar a medicina de precisão e melhorar a saúde pública no país.
CIÊNCIAS DA VIDA
(saúde humana e animal)
Diagnósticos, tratamentos e prevenção de doenças em humanos e animais, incluindo vacinas, terapias gênicas e imunoterapias. A Nintx está na vanguarda do desenvolvimento de terapias para doenças multifatoriais. Fundada em 2021 por Miller Freitas, Cristiano Guimarães e Stephani Saverio, ela utiliza produtos naturais derivados de plantas para modular alvos biológicos de forma direta e indireta através da modulação do microbioma humano.
CIÊNCIAS DA VIDA
(saúde humana e animal)
Diagnósticos, tratamentos e prevenção de doenças em humanos e animais, incluindo vacinas, terapias gênicas e imunoterapias. Fundada em 2020 por Rafael Bottós e Caio Leal, a Aptah Bio utiliza moléculas sintéticas racionalmente desenvolvidas que reprogramam o núcleo das células e possibilitam o tratamento de várias desordens com uma única terapia.Uma nova terapia, com foco em combater doenças relacionadas ao envelhecimento, como câncer e Alzheimer.
INSUMOS QUÍMICOS
E MATERIAIS
Produção de materiais como bioplásticos, enzimas industriais e bioenergia, visando substituir produtos químicos tradicionais por alternativas sustentáveis. Fundada por Eduardo Sydney em 2019, a Mush, utiliza resíduos agroindustriais, como serragem e bagaço de cana, para criar materiais duráveis e biodegradáveis. Cada tonelada de material Mush absorve 1 tonelada de CO2. Os materiais se decompõem em apenas 28 dias, contra os 500 do plástico comum.

% das empresas no Brasil

(94 empresas com dados do Crunchbase, Pitchbook e Endeavor)

% dos deals de VC direcionados a cada segmento

(Nucleate, Crunchbase)

A convergência de múltiplos avanços em infraestrutura, big data, algoritmos, biologia e química tornam o século XXI o século da biotecnologia. Considerando o aumento da expectativa de vida do ser humano — uma tendência global, na qual estamos vivendo mais e com maior  qualidade — é imprescindível continuarmos a investir em novas tecnologias para diagnósticos, terapias, descoberta de novos medicamentos, foodtech e agtech. Isso torna as biotechs um dos segmentos mais promissores para venture capital.”

— Guy Perelmuter, GRIDS Capital, Embaixador Endeavor

Desafios globais, business globais

Um novo tratamento, molécula ou combustível tem aplicabilidade em qualquer lugar do mundo. Portanto, biotechs nascem globais e concorrem globalmente desde o primeiro dia direcionadas por problemas ainda sem solução.

A comprovação de teses complexas faz com que o estágio go-to market de uma biotech leve até 7 anos, dependendo do tipo de tecnologia desenvolvida. Dado seu alto risco, soluções incrementais não valem o investimento.

O impacto de ser global:

Biotechs internacionalizadas captam mais A maioria das biotechs 
em Series A e 100% do Series B têm base fora do Brasil.

Biotechs atacam a raiz de desafios globais que já valem dezenas de bilhões de dólares – o Brasil começará a ter seus primeiros decacorns vindos da biotecnologia, e daqui sairão os primeiros prêmios Nobel do país.”

— Gabriel Bottós, Vesper Bio

O que os founders buscam nos big markets:

Acesso facilitado à  infraestrutura e laboratórios

Mindset global, que torna mais fácil convencer investidores

Credibilidade 
por atuar em mercados estabelecidos

Proteção da propriedade intelectual (IP), o ativo mais valioso de uma biotech

Origem das biotechs

Insights sobre o perfil dos fundadores brasileiros de biotechs

01
A maioria das biotechs são lideradas exclusivamente por fundadores de background acadêmico (54%)
  • 15% são lideradas exclusivamente por fundadores com perfil de mercado e
  • 31% delas possuem um misto de perfis no C-Level.
Olhando o perfil dos fundadores, concluímos que:
  • 54% possuem doutorado; apenas 11% não fizeram pós-graduação;
  • 83,7% são formados em STEM; apenas 20% fizeram MBA.
  • 36,3% são professores universitários.
  • 62,2% são empreendedores de primeira jornada.
02
Serial founders e founders ex-funcionários de scale-ups (employee spinout) saem na frente em termos de funding
Especialmente em rodadas de Pre-Seed e Seed, onde sua participação é significativamente maior em comparação a outros grupos. A diferença é mais visível no Seed, onde serial founders e employee spinouts dominam a captação. Apesar de poucas captações em Series A e Series B no mercado, empre
03
Empreendedores técnicos têm captado mais
Empresas com founders de perfil misto tiveram mais deals de seed e lideram nas valuations de Series A. Porém, são as empresas lideradas por acadêmicos que tiveram maior valuation em Series B. Os dados estão em linha com a tendência internacional: founders técnicos de deep techs tendem a obter maiores rodadas.
04
O trabalho e estudo no exterior não têm sido decisivos para internacionalização
Fundadores com experiências fora do Brasil têm fundado mais biotechs de base internacional (15,2%) do que aqueles com currículo apenas no Brasil (3,6%). Porém, 77,2% daqueles com experiência internacional ainda optam por fundar no Brasil.
05
O efeito multiplicador de biotech ainda está para ser visto
Entre os second time founders de biotechs, 68% são ex-funcionários de startups e scale-ups, majoritariamente biotechs e algumas empresas de tecnologia, ainda sem uma concentração ou “máfia” que origine spinouts.

No setor de biotech, as empresas internacionais que mais se destacam são fundadas por ex-executivos com vasta experiência, um track record que os investidores observam atentamente, principalmente quando já tiveram sucesso na jornada anterior. O mesmo pode acontecer no Brasil. Aqui, há muito espaço para os fundos que já investem em ESG, nas frentes de agro e saúde, estarem mais próximos das biotechs”

— Miller Freitas e Cristiano Guimarães, Nintx

Ciclo de vida das biotechs: Biotechs possuem desafios e oportunidades únicas quando comparadas com as ondas tecnológicas anteriores

RISCO CIENTÍFICO  
Biotechs ambicionam soluções de alto risco, com altas restrições regulatórias que restringem a comercialização nas fases iniciais.
”Em uma empresa de software, você pode cometer erros, fazer uma versão beta de um app. Em biotech não tem versão beta, são riscos de saúde. 
Um erro e isso pode ser fatal” Sérgio Pinto,
CELLVA
TIME E FUNDADORES Ciência e mercado
Biotechs exigem um time de founders e C-Level com forte currículo científico, mas também com skills de comercialização no mercado.
“Empreendedores de segunda, terceira jornada são muito importantes em todas 
as áreas de venture, e em biotech não poderia ser diferente. Mesmo quando suas ideias não vão adiante, os aprendizados 
e as experiências fazem com que se tornem empreendedores ainda melhores.” Guy Perelmuter,
GRIDS Capital
FUNDING  
O investimento up-front requer fundos especializados, que entendam o timing e desafios de biotech — como a falta de receita nos anos iniciais e alto CAPEX.
“Ainda são poucos os investidores brasileiros especializados em biotech. Falta aos generalistas a experiência necessária para avaliar os projetos 
e apoiar as empresas após o investimento” Gabriel Perez,
Pitanga
VISÃO GLOBAL  
Biotechs precisam realizar uma investigação profunda sobre soluções existentes para o mesmo problema em nível global e acessar tecnologias e clientes que estão fora do país de origem.
”Biotechs nascem globais, pois atuam em desafios globais. Por outro lado, 
a concorrência também é global. 
Para entender se a tecnologia é única, 
é preciso olhar o que existe de melhor fora do Brasil” Gabriel Bottós,
Vesper Bio

A ciência é uma arte. Não tem um progresso linear. Tem o discovery, o breakthrough, e um conjunto de meses e anos que fazem chegar naquele momento. Pode até gerar receita marginal no começo, 500 mil, 1 milhão, mas os founders de biotech devem mirar mesmo os 300, 500 milhões. É uma jornada do zero ao boom.

— Luciano Bueno, founder GALY

Especialistas entrevistados pela Endeavor observam os seguintes passos 
para biotechs se tornarem competitivas globalmente conforme o estágio:

A maioria das biotechs não vão durar mais que 5 anos se não saírem do angel investment ou dependerem de editais públicos. É necessário acessar infraestrutura, encontrar investidores internacionais, avançar com a tecnologia e se estruturar para crescer”

— Eduardo Emrich, Biominas

Não se programa software sem computador; não tem biotech sem laboratório. Um dos problemas é entender que o custo é muito alto para montar laboratório: 5, 10, 20 milhões.”

— Lucas Delgado, Emerge

Assista à masterclass sobre biotechs do Guy Perelmuter, fundador da GRIDS Capital e Embaixador Endeavor

O ecossistema de biotechs no Brasil é nascente, com muito ainda a avançar

Segundo levantamento da EY, o Brasil é o 9º país em número de biotechs fundadas, com cerca de 350 biotechs ativas, atrás dos Estados Unidos, França e Espanha, entre outros. Na América Latina, detém 60% das biotechs e 30% das deep techs, além de 60% do Venture Capital destinado a biotechs.

A tendência positiva do Brasil e da América Latina em geral é atribuída por ainda ser um ecossistema em expansão, com a maioria das empresas em estágio inicial e seed, menos impactadas por choques globais.

Porém, há desafios:

SHARE DE VC
 

Em termos proporcionais, as biotechs ainda recebem uma pequena parte do VC no Brasil comparado a outros setores: representam apenas 4,8% de todo o investimento, vs. 20% no Chile e 7,5% na Argentina. 

INVESTIMENTO EM P&D
 

O investimento em P&D do Brasil é de apenas 1,21% do PIB, contra 2,23% da China e 3,07% dos EUA.

CONVERSÃO EM NEGÓCIOS

Somos o 5º país com mais publicações em ciências biológicas e agro. Porém, essa produção científica ainda tem se convertido pouco em geração negócio, com baixa colaboração internacional nas publicações (menor que Chile e Argentina)

INTERNACIONALIZAÇÃO
 

Segundo nosso levantamento, apenas 12% das biotechs fundadas por brasileiros estão fora do Brasil.

Investimentos de VC em Biotech (2016-2023)

Investimentos de VC no Brasil entre Jan-Ago de 2023 vs. 2024 para alguns setores tendência

Representação de fintech e biotech no investimento em VC de cada país (2023)

O ecossistema brasileiro soube explorar muito bem o modelo de startups digitais com foco no mercado local, mas ainda há um grande potencial inexplorado em áreas como biotecnologia e deep tech, que demandam maior inovação tecnológica e estratégias globais. Proporcionalmente, Chile e Argentina saíram na frente porque existem aceleradoras com foco nesses setores e os empreendedores precisam construir um negócio global desde o começo, devido ao tamanho reduzido dos mercados locais.

— Ignacio Peña, AIR Capital

O Brasil possui um grande potencial em qualquer mercado, devido à sua maior população e economia mais dinâmica. No entanto, olhando os três pilares essenciais para um ecossistema de biotech, ainda tem espaço para um mindset de mercado mais forte na comunidade científica e um ecossistema de VC robusto. Argentina e Chile levantaram incubadoras em Buenos Aires, Rosário e Santiago que fomentaram o desenvolvimento do ecossistema – o Brasil tem a oportunidade de investindo mais hubs científico-empresariais ”

— Pablo Sola, EY

Recomendações para a evolução do
ecossistema de biotechs no Brasil​

Direcionar a visão do ecossistema
para tecnologias de fronteira

Ainda falta paciência para nós brasileiros. Existe uma intolerância ao risco, que vem do desconhecimento natural devido ainda à escassez de teses no setor. Se alguém quer começar uma biotech e ficar 2, 3 anos, não recomendo empreender no segmento. Do lado do investidor, espere de 5 a 7 anos para ver o benefício do que começou a construir.”

Sérgio Pinto
Cellva

Aproximar o pesquisador acadêmico do ecossistema empreendedor

A cultura empreendedora de inovação está evoluindo nas grandes universidades. Todo pesquisador é, de certa forma, um empreendedor. Precisamos conseguir financiamento, ao invés do pitch para um VC, é para a FAPESP, temos que formar um time. Mas ainda há uma certa resistência. Quando fundei a Gen-T, ouvi de uma colega da universidade: ‘Agora resolveu ser empresária, que pena.'”

Lygia Pereira
gen-t

As mudanças no ambiente acadêmico são muito recentes – algo dos últimos 5 anos. Precisamos de mais pesquisadores que se provoquem a gerar negócios, além da publicação de artigos. Isso gera demanda para mais VCs e venture builders. O Chile, por exemplo, tem programas de incubadoras em Israel; Harvard e MIT já falavam sobre startups universitárias nos anos 90. O Brasil não ainda não tem isso”

Paulo Schor
FAPESP

Quando recebi um ex-orientador no laboratório, ele disse: ‘Você tem mais produtos físicos (não publicações) aqui em 4-5 anos de trabalho do que eu tenho em 30 anos de universidade.’ O acadêmico ainda foca muito em publicações, pouco na aplicação prática. Eu não quero produzir apenas fungos, quero criar um produto real que as pessoas usem e que impactem o seu dia-a-dia.”

Eduardo Sydney
Co-founder Mush, Muush e Typcal

Colaboração entre público e privado para funding, aprovação de patentes mais ágeis e acesso a infraestrutura

Normalmente, biotechs são sub-financiadas pois desenvolvem tecnologias que necessitam de grande investimento e não conseguem fornecer garantias de contrapartidas necessárias, já que muitas delas não estão no padrão de maturidade institucional, como as MPEs tradicionais, que são exigidos pelas agências de fomento. Do outro lado, ainda temos visto um baixo engajamento das empresas tradicionais nos editais de inovação radical do governo. Com isso, o governo deverá olhar cada vez mais para novas modalidades de apoio às biotechs .”

Thiago Moraes
Ministério da Ciência e Tecnologia

Agradecimentos

Agradecemos às empreendedoras, empreendedores, investidores e especialistas da nossa rede e do ecossistema pelos insights na elaboração deste estudo:

INVESTOR, VENTURE CAPITAL AND BUILDING

Guy Perelmuter | Grids Capital

EMBAIXADOR ENDEAVOR

Lieven Cooreman | VLI Logística

EMBAIXADOR ENDEAVOR

Ignacio Peña | AIR Capital

INSIGHTS DONOR

Gabriel Perez | Pitanga

Francisco Salvatelli | GRIDx Exponential

Eduardo Emrich | Biominas

Isabella Allende | Biominas

Pablo Sola | EY

Rodrigo Iafelice | Solubio

Pavel Herman | Eurofarma Ventures

Carlos Zago | MKM Biotech

Gabriel Bottós | Vesper Bio

Rogério Vivaldi | Board Member Aptah Bio

Simona Nikolova | Endeavor Bulgária

Renato Ramalho | KPTL

Lucas Delgado | Emerge

Lívia Hallak | Oxygea

Claudio Costa Neto | Jeito

Rodrigo Rodrigues | Falconi

Manoj Patel | Courtyard Ventures

Paulo Emediato | Oxygea

Peter Turner | Breakthrough Energy Ventures

BIOTECH FOUNDER, C-LEVEL

Luciano Bueno | GALY

Rafael de Souza | Symbiomics

Ricardo Di Lazzaro | NAIAD

Sergio Pinto | Cellva

Lygia Pereira | gen-t

Fernando Stegmann | gen-t

Eduardo Sydney | Mush, Muush, Typcal

Miller Freitas | Nintx

Cristiano Guimarães | Nintx

PUBLIC PROSPECTS, THINK TANK

Thiago Moraes | Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação
Paulo Schor | FAPESP